Três tipos de egoísmo – mau, bom e sagrado
Por Isaias Costa
Eu já falei aqui no blog em vários textos sobre o tema do EGOÍSMO, que sempre tem algo a ser acrescentado e aprofundado. Entre eles está até mesmo um que traz uma bela interpretação de uma das melhores músicas do grande Raul Seixas chamada “Eu sou egoísta”. Se você ainda não leu deixo o link logo abaixo.
Quero nesse texto compartilhar com você a belíssima visão do mestre indiano Paramahansa Yogananda, extraída do seu livro intitulado “Jornada para a Autorrealização”. Confira!
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Devemos, contudo, distinguir claramente os três tipos de egoísmo: mau, bom e sagrado. O egoísmo mau faz a pessoa buscar o próprio conforto destruindo o conforto alheio. Ser rico à custa do prejuízo alheio é um pecado e vai contra os interesses do Eu superior de quem pratica esse tipo de egoísmo. Ter prazer em ferir os sentimentos alheios com ácidas críticas também é egoísmo mau; é um prazer maligno que não conduz a nenhum bem duradouro. O egoísmo bom e verdadeiro motiva um ser humano a buscar o seu próprio conforto, sua prosperidade e felicidade, mas também trazendo mais felicidade e prosperidade aos outros. O egoísmo mau oculta seus muitos dentes destrutivos de sofrimento inevitável por trás da aparência inocente de confortos temporários. O egoísmo mau encerra a pessoa num pequeno círculo, excluindo o resto da humanidade. O egoísmo bom abrange a todos, junto com o seu próprio eu, no circulo da fraternidade. O egoísmo bom traz muitas colheitas – retorno de serviços de outros, autoexpansão, empatia divina, felicidade duradoura e Autorrealização.
O egoísmo bom deveria ser praticado pelo homem de negócios, que assim, com ações e trabalhos sinceros, honestos, saudáveis e construtivos, se capacita a cuidar das necessidades de sua família e de si mesmo e presta um serviço útil aos outros. Tal pessoa é muito superior a quem pensa e age só para si, sem considerações pelos entes a quem serve nem pelos que dele dependem para sustento. O último esta agindo contra seus melhores interesses próprios; pois segundo a lei de causa e efeito, com o tempo ele atrairá sofrimento. A riqueza de muitos avarentos é deixada aos seus parentes, que na maioria das vezes a dissipam em prazeres errôneos. Este tipo de egoísmo, no fim das contas, não ajuda nem a quem dá nem a quem recebe.
Para evitar as armadilhas do egoísmo mau devemos primeiro seguir e estabelecer padrão do egoísmo bom, no qual pensamos na família e nas pessoas a quem servimos como sendo parte de nós. A partir disso podemos avançar para a prática do egoísmo sagrado (ou altruísmo, como diria o entendimento comum), no qual vemos o universo inteiro como parte de nós.
Sentir as dores dos outros e estender a mão para libertá-los de mais sofrimento; buscar felicidade na alegria alheia; tentar constantemente aliviar as necessidades de um número cada vez maior de pessoas – isto é ser sagradamente egoísta. O egoísta sagrado considera todas as suas consequentes perdas terrenas como sacrifícios que ele mesmo acarreta deliberada e propositalmente, pelo bem dos outros e para o seu próprio ganho grandioso e supremo. Ele vive para amar seus irmãos, pois sabe que são todos filhos do Deus único. Todo o seu egoísmo é sagrado, pois sempre que pensa em si mesmo, ele pensa não no pequeno corpo e na mente de entendimento ordinário, mas nas necessidades de todos os corpos e mentes dentro de seu âmbito de conhecimento ou influencia. Seu “eu” se torna o eu de todos. Ele se torna a mente e o sentimento de todas as criaturas. Então, quando faz alguma coisa para si mesmo, ele só consegue fazer o que é bom para todos. Aquele que se considera alguém cujo corpo e membros consistem da humanidade inteira e de todas as criaturas certamente vê o Espirito Universal Onipresente como a si próprio.
Esta pessoa não age esperando algo em troca; mas, com o melhor de seu discernimento e intuição, continua a ajudar a si mesmo em todos, com saúde, alimento, trabalho, sucesso e emancipação pessoal.
Trabalhar com o egoísmo bom e o egoísmo sagrado nos coloca em contato com Deus, que descansa no altar da bondade que expande a todos. Quem percebe isso trabalha conscienciosamente, só para agradar ao Deus da paz interior, que sempre o orienta.
Paramahansa Yogananda
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Não vou me estender porque suas palavras são tão profundas que nem me atrevo a explicar mais do que ele já deixou explicado nessas palavras!
Quero apenas lhe levar a perceber que esses três egoísmos é como se fosse uma escadinha. 1º o egoísmo mau, que prejudica a nós mesmos e aos outros. 2º o egoísmo bom, que nos leva a estender o bem e as boas ações para os mais próximos como os familiares e as pessoas do trabalho. 3º vem o egoísmo sagrado que é a finalidade de todos os seres que almejam a iluminação do ser. Somente os grandes mestres conseguem desenvolver em suas atitudes esse altruísmo que leva o amor e o bem querer a todos os seres, sem exceção!
Eu desejo essa evolução para um dia conseguir alcançar esse egoísmo divino, que me coloca como um com tudo e com todos, e desejo o mesmo para você que me lê, que se aprofunde cada vez mais nesse autoconhecimento e nessa busca pela unidade do ser.
Concluo essa breve reflexão também compartilhando um áudio que gravei a partir dessas lindas palavras do Yogananda. Gravei para que você tenha a oportunidade de ampliar essa reflexão e levá-la também para outras pessoas! Vale a pena reservar uns minutinhos para ouvi-lo…
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